sábado, 14 de janeiro de 2012

POETASTRO LAÉLIO FERREIRA DE MELO ATRÁS DE VOCÊ SOU UM BURRO!

Na mediocridade dourada de Natal, o asno, que se não é de ouro, pode ser brilhante o suficiente pra dar uma devida resposta  

Jóis Alberto
No blog “Mediocridade plural”, o poetastro potiguar Laélio Ferreira de Melo  voltou, em 14/01/2012, a transcrever trechos de comentários que eu fiz no blog  ”Substantivo Plural”.
Qual a intenção de Laélio Ferreira de Melo -  poetastro de notória inveja violenta  - ao fazer isso?  A resposta está no título que Laélio deu ao ‘post’ lá no blog dele : “O não acoitado coito do Couto” – um trocadilho, de duplo sentido, com a evidente intenção de me sacanear. Ora, para esse tipo de provocação, costumo dar a resposta com o troco na mesma moeda.  Por isso, o título acima, com duplo sentido, para este meu texto aqui neste blog “Combatendo mediocridades de Natal/RN”, que, por essas e outras, é um blog exclusivamente com conteúdo pra adultos. O título e os comentários transcritos por Laélio, no blog dele, foram os seguintes:

O NÃO ACOITADO COITO DO COUTO ....

COMENTÁRIOS SUBSTANTIVOS


 
1.     Jarbas Martins
13 de janeiro de 2012
Poetas como Jóis Alberto provam que Natal tem um belo futuro. E um passado outrora agora.
2.     Jóis Alberto
13 de janeiro de 2012
Obrigado, Jarbas Martins, por mais esse elogio e estímulo. Voltaremos a conversar sobre poesia quando a gente voltar a se encontrar por aí, na universidade e nas livrarias, etc.
Embora eu discorde de algumas coisas suas, e concorde com outras, como por exemplo a sua competência como poeta, é sempre um prazer conversar com você sobre esses assuntos.
3.     W. Couto
13 de janeiro de 2012
O que mais admiro em Jóis é a concisão. E em Jarbas, a sinceridade.
4.     Jóis Alberto
13 de janeiro de 2012
Sou conciso: W. Couto, como não lhe conheço, não sei se você é fake ou verdadeiro, não sei se você é de baixa procedência, se é oriundo de valhacouto de boa ou má fama, então recomendo que você vá tirar onda com outro. Por ora, é só!”


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Educação, poder e sociabilidade

A literatura de Kafka, na visão de artistas e  intelectuais do 'underground', como David Z. Mairowitz e Robert Crumb, em versão francesa



Jóis Alberto
A educação em massa,  destinada a grandes contingentes da população,  é uma tendência contemporânea mundial, embora ela seja mais disseminada em alguns países, enquanto em outros persistem resistências a esse tipo de educação, como por exemplo a resistência por parte daqueles que temem perda de qualidade no processo educacional. Mas o fato é que, graças à revolução da informática, das telecomunicações e do advento da internet, com novas tecnologias às quais se somam outras, tradicionais, como a imprensa, o telefone, o rádio e a TV – estas renovadas e adaptadas à tecnologia digital, atualmente em processo de ebulição da convergência tecnológica –, vivemos hoje numa época de difusão em massa da informação e do conhecimento. Todavia, esse processo irreversível de democratização em larga escala do conhecimento e do saber,  nem sempre foi assim. Pelo contrário. Durante muito tempo o acesso à escrita, à alfabetização, à cultura, era privilégio de uma elite, de uma aristocracia, que exercia, nessa elitização, uma forma de poder.
Do ponto de vista cultural, a língua, a fala, o trabalho em sociedade, são algumas das principais características do ser humano. O uso da palavra, por exemplo, mais do que diferenciá-lo de outros animais –, que por sua vez fazem uso também de tipos específicos da linguagem –, mostra que a natureza da ‘comunicação’ no ‘reino animal’ não se compara à revolução que a linguagem humana provocou na relação do homem com o mundo. O trabalho humano, por sua vez, é a ação dirigida por finalidades conscientes, a resposta aos desafios da natureza na luta pela sobrevivência.  Enquanto o animal permanece mergulhado na natureza, o homem é capaz de transformá-la, tornando possível a cultura. Desse modo – ao contrário do que pregam alguns radicais do neoliberalismo, de que só existem os indivíduos e as famílias, e que a sociedade é uma abstração –, podemos concluir que o homem é, principalmente, um ser social, um ser que vive em coletividade.
 Nesse sentido, a educação é normalmente conceituada como o processo que possibilita que as novas gerações aprendam, e algumas vezes desafiem o conhecimento, valores e comportamentos das gerações anteriores. Tradicionalmente, a educação é adquirida em colégios, faculdades e locais de trabalho, embora na atualidade, seja crescente  a importância da internet na formação cultural e educativa das pessoas – são vários os exemplos disso, mas vou citar apenas um, o do crescente setor educacional de ensino à distância pela internet. Apesar dessa e de outras mudanças atuais,  a maioria das pessoas ainda aprende com professores pagos para ensiná-las, tradição que deverá continuar ainda por muitos anos, embora sempre apareçam por aí, ‘futurólogos’ que preveem o fim da figura do professor e das escolas, pelo menos como conhecemos hoje.
Quanto ao sistema escolar, podemos lembrar, inicialmente, que grande parte dos países, principalmente a partir do século 19, estabeleceu um sistema escolar formal, no qual as crianças começam a frequentar a escolar, regularmente, por volta dos cinco anos de idade. No caso do Brasil, o País segue o modelo educacional francês, com o currículo sendo ensinado em todo o território nacional. Na atualidade, o currículo do ensino fundamental tem uma base nacional comum, complementada em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar por uma parte diversificada. 
A EDUCAÇÃO E A SOCIEDADE
Nas sociedades primitivas era fundamental saber caçar, fabricar armas e utensílios. Com o progresso das sociedades, os professores tornaram-se cada vez mais necessários. Dentre os docentes precursores, na antiguidade, figura Confúcio, na China. Em Roma e na Grécia clássica, a arte da retórica (capacidade de persuasão e comunicação em debates e palestras) era muito valorizada.
Por volta de 1150 e 1200 – com as escolas mantidas em mosteiros e palácios, e surgimento das primeiras universidades, a educação foi se tornando mais acessível para as pessoas do povo, e não apenas para os filhos dos ricos. Como registram os livros de história e literatura, no Ocidente a Igreja cristã contribuiu muito para isso: em vários países europeus, as primeiras escolas para os pobres eram administradas pela igreja local e o Padre trabalhava como professor. Da mesma forma que a Igreja foi palco para as primeiras universidades, com os Clérigos, na Europa. Mas já nessa época existiam intelectuais excluídos, os ‘poetas marginalizados’, etc, etc, como são exemplo os goliardos, clérigos pobres, etc... 
Dos goliardos, clérigos pobres das primeiras universidades na Europa, na Idade Média, espécies de trovadores daqueles tempos ou 'poetas' boêmios, 'marginais', 'beats', etc, da contemporaneidade... 

...à educação em massa, na atualidade, tipo de educação que tem crescido graças à revolução da informática e das telecomunicações, o processo educacional e cultural em escolas e universidades sempre foi marcado pelos embates entre uma elite do poder e o acesso dos pobres e trabalhadores à informação, ao conhecimento e ao saber  

Séculos depois do advento das primeiras universidades, na Europa e outros continentes, à medida que os países se industrializavam, ocorreram pressões políticas para a formação de operários mais bem preparados. No século 19, surgiram as primeiras formas de ensino oficial público para todos. Durante o século 20, a educação formal de crianças nas escolas difundiu-se pelo mundo.
 E agora, em 2012, quais as perspectivas para a difusão do ensino e aprendizagem? No caso do Brasil, das últimas décadas para cá, alguns dos principais fatos ocorreram na área da legislação educacional, na qual se destacam a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação; o PNE – Plano Nacional de Educação; o ensino fundamental de nove anos; a educação do campo, educação escolar indígena e educação escolar quilombola; a educação especial; a educação de jovens e adultos; ampliação do acesso ao ensino médio; educação profissional e tecnológica; implantação dos PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais; além de programas governamentais para ampliação e construção de novas universidades; estímulos ao maior acesso de alunos oriundos da escola pública às universidades, tanto nas públicas quanto nas particulares, nestas através de bolsas de estudo; bem como o debate atual acerca do papel da educação na sociedade tecnológica e os novos paradigmas, etc.    
Partindo, portanto, da constatação da função social da educação, e de que o homem só existe, como homem, em sociedade, o renomado estudioso Antônio Joaquim Severino, no texto “Educação e poder: o jogo da sociabilidade”, do livro “Filosofia da Educação” (S.Paulo: FTD, 1994, p. 67-77), mostra como, nas relações de educação e poder, os homens se hierarquizam em decorrência do jogo articulado entre a divisão técnica do trabalho e a simbolização valorativa de seus próprios interesses. A educação reproduz a sociedade, que, por outro lado, pode ser transformada pela educação.        
                

domingo, 8 de janeiro de 2012

Provincianismo, amadorismo, ‘profissionalismo’ e o mal-estar na civilização...

Jóis Alberto

Tratar eternamente certos literatos e artistas locais como ‘figuras folclóricas’ é um dos mais abomináveis provincianismos nos meios literários e culturais de Natal/RN. Tal tratamento dispensado deveria nos causar ainda mais vergonha e constrangimento quando aparenta ser uma homenagem, mas que na realidade é expressão de soberba  elitista, com a qual o cidadão e a cidadã que lutam para elevar o nível dos debates e embates artísticos e culturais na cidade não podem ser coniventes, nem tolerantes.    
Essas palavras – folclore, provincianismo, amadorismo, profissionalismo, com ou sem aspas, de tão usadas, merecem melhor análise dos significados. Provinciana, por exemplo, se tem um significado referente às coisas boas de pequenas e médias cidades, como tranquilidade e baixos índices de violência urbana, pode ter evidentemente uma conotação boa, uma acepção positiva. Pode até significar boa ironia, como em Câmara Cascudo, que teria se proclamado um “provinciano incurável”, certo?  Merece repúdio, contudo, quando o vocábulo ‘provincianismo’ assume a conotação, o significado de coisas deploráveis como arrogância, inveja, mesquinhez, difamação, hipocrisia, anacrônico elitismo literário e cultural, etc... 
O escritor potiguar Luís da Câmara Cascudo se considerava, com ironia, "um provinciano incurável"

No contexto urbano e ‘civilizatório’ contemporâneo ainda prevalece o embate entre uma hegemonia neoliberal, em que predomina o salve-se-quem-puder, carreirismo, arrivismo, etc, em oposição a uma contra-hegemonia, que luta por exemplo pela democratização e a cidadania cultural. Nesse contexto, no ‘cosmopolitismo’, na ‘globalização’ do arrivismo elitista e colonizado, do salve-se-quem-puder imposto pela governança neoliberal, a palavra ‘profissionalismo’ pode assumir uma cínica acepção.
Como se sabe uma das características mais elogiáveis e democráticas da internet é a possibilidade de o usuário poder interagir na vida social com maior rapidez e com recursos de multimídia, e nesse aspecto a criação de sites pessoais e blogs, a participação em redes sociais são iniciativas que, na atualidade, conectam grande parte da população do planeta na rede de computadores.
Um blog, portanto, pode ficar perdido e com pouca audiência/interatividade em meio a milhões de outros da tal ‘blogosfera’. Não divulgá-lo, não promovê-lo suficientemente significa de fato amadorismo? E quando blog, que, mesmo com baixa audiência/interatividade, consegue altos patrocínios financeiros do Município, do Estado, da União, significa isso profissionalismo ou um novo tipo de sinecura – a sinecura digital-cibernética (eis um neologismo a se pesquisar se existe ou se está pra se inventar)?
Em termos de jornalismo digital de arte e cultura considero profissionalismo principalmente combater os diversos tipos de preconceitos, de provincianismos, o compadrio, a corrupção de quem corrompe e de quem se deixa corromper, o anacrônico elitismo com que se pretende cercar a poesia e demais manifestações artísticas e culturais da chamada alta cultura, etc.
Poesia, musas, pinturas, outras artes e tradições da 'alta cultura' só estão acessíveis a uma elite e inacessíveis a poetas marginalizados?     

A amante de Baudelaire

Jóis Alberto

A melhor poesia é viver com arte e amor.
Às vezes, todavia, me ocorre um complexo de inferior:
Poderia – quem sabe? - amar mulheres mais propícias
À minha sensibilidade, caráter e cultura.

Mas muito me apraz e delicia
A companhia daquelas que, sem maiores leituras,
Têm por nobres encantos
O bom humor, a dedicação e a ternura.

Raras são as mulheres bem sucedidas e intelectuais
Que um poeta inadaptado, como eu, pode suportar.
Charles Baudelaire, por exemplo, amou uma mulata
Beberrona e analfabeta
Que mesmo assim o desprezava
Porque, embora ele fosse grande poeta,
Não sabia ser prático, nem ganhar dinheiro,
Nos informa o cáustico Eduardo Frieiro.

Assim como essa amante de Baudelaire
Procedem em Natal laureadas e provincianas
Poetisas e sabichonas, leitores de Caras e Marie Claire
Que avarentas, perdulárias ou arrivistas
Julgam todos – aurea mediocritas –
Pelo critério de muito possuir dinheiro e fama.



FONTE: Poema publicado no livro “Poetas azuis paixões vermelhas amores amarelos” (Poesia e prosa), de Jóis Alberto  (Natal: Sebo Vermelho, 2003).



Mulheres natalenses, tanto as poetisas, escritoras, como de outras profissões, que leem revistas como a de "Joyce Pascowitch" e "Marie Claire" são sempre elegantes, bem educadas e nunca tem preconceitos de classe, nem são provincianas?


sábado, 7 de janeiro de 2012

FRONT

Por Jóis Alberto 

anfiguri
    figuri-
no
     maqui
     manequim


paradigma
fundibulário
fuligem
fagulha
                                               bestiário
                                               leviatã
bilontra
                  bazófia
                                              bravatas

bordões
tiranossauros rex
virgulinos
uma vírgula

desarrazoado babaréu
de um tabaréu
mixórdia data venia
réu
logomaquia

balestilha
bastilha
escombros
erupções
ebulições
revoluções

& evolução das espécies:
provinciano lapuz




**********

FONTE: Poema publicado no livro “Poetas azuis paixões vermelhas amores amarelos” (Poesia e prosa), de Jóis Alberto Revorêdo (Natal: Sebo Vermelho, 2003)

Publicado no “Jornal de Poesia”

( http://www.revista.agulha.nom.br/joisalberto.html#front )

No blog “Poetas azuis paixões vermelhas amores amarelos”

(http://jornalistaepoetajoisalberto.blogspot.com/2009_08_09

E no blog "Substantivo Plural"

http://www.substantivoplural.com.br/front/

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Natal: do clichê da Cidade do Sol ao lugar-incomum de cidade pós-moderna

Texto: Jóis Alberto

Existe um estilo brega que todos conhecem, mas já o kitsch muitas vezes é menos óbvio de ser identificado pelo grande público, da mesma forma o estilo camp - representado na art nouveau, por exemplo -  ou o ecletismo pós-moderno nem sempre são facilmente identificados pelos públicos mais bem informados e de bom gosto.

O cineasta espanhol Pedro Almodóvar, que no final de 2011 teve lançado no Brasil seu novo filme, é, na atualidade, um mestre na arte de trabalhar com o kitsch de maneira inovadora – farei tão somente essa menção, independente de discussões sobre o conteúdo sexual e acerca da sexualidade, sabidamente inerente à sua filmografia, porque o que me interessa abordar aqui são questões estéticas no contexto da grandes transformações pelas quais passam o Brasil, e nesse cenário, as mudanças que rapidamente transformaram a paisagem de Natal, nos últimos 20 anos.

Igualmente é um fato que bem antes de Almodóvar vários artistas brasileiros foram mestres nesse tipo de abordagem crítica acerca do que é considerado de mau gosto ou bom gosto em arte, em especial a partir do trabalho pioneiro do poeta Oswald de Andrade.


Cena de "A pele que habito", de Almodóvar


Na sétima arte, vale citar as experiências inovadoras de Rogério Sganzerla no cinema brasileiro, nos anos 60. Na literatura, Nelson Rodrigues foi um gênio, que todos conhecem, ao tratar dessas questões em suas tragédias dos subúrbios e outros bairros cariocas, seja em crônicas ou peças teatrais. Na música brasileira, com o Tropicalismo, há várias citações disso, como a tão longa – mais de quatro minutos – quanto instigante gravação que Caetano Veloso fez de “Coração materno”, de Vicente Celestino.

Existem várias outras situações bem conhecidas, como o culto ao cinema B, trash; o olhar divertido, a audição irreverente, da estética e da música brega, da música de forte apelo popular de Odair José, Fernando Mendes, Reginaldo Rossi… Em Natal, como se sabe, vários artistas trabalham, consciente ou inconscientemente, com a estética kitsch e fazem sucesso, recebem aplausos e elogios. E com isso, cometem algum pecado estético? Claro que não! Felizmente há muito eles e elas recebem a consagração e o emocionado carinho do público e compreensão da crítica.


Um coquetel à art noveau e outros estilos

Aqui é o caso de parafrasear: toda a breguice, em Natal, jamais será refutada, muito menos castigada com risos ou deboches, ou esnobada com sarcasmos! Pelo contrário: será estimulada! Que ela se exponha livre, leve, solta, sensual e sem rédeas! Seja na forma de show musical, teatro ou poesia. Não saturam? Acredito que não, porque são espetáculos, peças, ou canções populares, agradáveis, fáceis de compreender e de vender. E permanentemente haverá um público interessado nessas coisas, bem como artista/produtor a querer faturar, com velhas e novas versões de caça níquel!


 

Praia de Ponta Negra, em Natal/RN, no verão de 2012, vai do chique 
ao brega em suas várias versões

Do ponto de vista de uma estética mais elaborada, sempre achei interessante, por exemplo, a lição, o legado da poesia inovadora de um Oswald de Andrade ao transformar o lugar-comum em lugar-incomum. Isso ocorreu também de outras formas e em outros lugares da América – continente sem a mesma tradição artística e cultural da Europa, por exemplo. Nos EUA, nos anos 60, no auge do kitsch da antiga Disneylândia, depois Disney World; ou com a estética de Las Vegas, etc, explodiram os diversos movimentos pop, que se apropriaram, de maneira crítica e criativa, de muitas manifestações artísticas e culturais de massa, como a literatura popular, as histórias em quadrinhos, etc.

Tornaram-se mais conhecidos, a partir de então, no universo das artes e da crítica, novos conceitos como o de média cultura, kitsch e o de camp, – este, todavia, bem menos conhecido no Brasil – para tratar dessas questões, em textos de teóricos americanos, como Dwight Macdonald, no caso do conceito de média cultura; ou Susan Sontag, com texto sobre o camp; de europeus, como Umberto Eco ou Abraham Moles; ou brasileiros como Décio Pignatari, os irmãos Campos, Mário Pedrosa – pioneiro, no Brasil, em outro assunto relacionado: o pós-modernismo –; Hélio Oiticica, dentre outros. Antes deles, já existia a abordagem pioneira de Walter Benjamin sobre a obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica; ou a arte provocadora de um Marcel Duchamp, artista de vanguarda para quem, paradoxalmente, o inimigo da arte é o bom gosto!

São questões sempre polêmicas e atuais. Houve época em que muitos afirmavam, preconceituosamente, que “O Pequeno Príncipe” era livro de miss! Sabe-se, contudo, que dentre os leitores desse clássico de Antoine de Saint-Exupéry figurava o grande filósofo Martin Heidegger, que o tratava com grande estima.
A art nouveau, a pintura pré-rafaelita, ainda são exemplos de bom gosto, ou são camp – aquilo que foi considerado bom em determinada época? Pinguim em cima de geladeira, que donas de casa gostavam e muitos consideravam de mau gosto, ainda é kitsch?

Hoje, como raramente se vê pinguim na geladeira, tal coisa pode ser considerada arte? Sei lá! Porque isso é tão ruim, que parece até bom!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Quem é o grande Salieri, um dos símbolos da mediocridade nas artes, na cidade de Natal?

Texto: Jóis Alberto


Salieri é um nome que, para muitos, tornou-se sinônimo de mediocridade, principalmente após essa personalidade da música clássica ser caracterizada como um músico medíocre e invejoso, que comete várias mediocridades no filme “Amadeus”, de Milos Forman (1984), acerca da vida e obra do célebre e genial compositor Wolfgang Amadeus Mozart.
Mas, na realidade, fora das telas do cinema, a personalidade histórica de Antonio Salieri (ilustração ao centro) foi mesmo a de um medíocre?  Para Forman, sim,  que tomou como ponto de partida para o filme a peça teatral de Peter Shaffer, que assina o roteiro desse drama biográfico.  Para outros, não.  Salieri não foi um medíocre. Pelo contrário, era talentoso e  ensinou a alguns dos maiores gênios da música clássica, como Beethoven, Liszt e Schubert.    
No filme citado, a história de Mozart (interpretado por  Tom Hulce) é narrada em flashback por  Salieri (numa interpretação antológica de F. Murray Abraham, na foto acima),  que,  por incontrolável inveja da genialidade da música de Mozart, engendra várias formas de prejudicar o grande compositor de música clássica.
Na arte e cultura de Natal quem é o Salieri da cidade? Ele é medíocre ou tem mesmo talento?  É apenas um?  São dois, três ou dezenas, centenas de exemplos de Salieri em Natal?